Alice WR
Descortinar (2016)
Abril, 10.30h da manhã. O sol, a oeste, banhava aquele lugar de gente calorosa e tranquila. Muitos desses mil deviam ter saido para trabalhar pois o tempo estava lento e silencioso naquela dia. O espirito de Africa, os sons e a alegria no ar, adivinhavam-se apenas. Talvez no fim-de-semana, invadissem as praças e as ruas, conclui. Enquanto assim pensava reparei que o mapa de Africa pintado numa das empenas dos prédios estava ao contrário. De pernas para o ar, uma perspectiva que nos leva à descoberta, pensei,.
Exactamente aquilo que eu estava ali a fazer.
Ali, era a Quinta do Mocho, um bairro municipal do concelho de Loures., As pessoas que nele vivem são, na maoria, originárias de países africanos: Guiné, Angola, Moçambique ou São Tomé e foram realojadas vindas do Mocho velho como era chamado o bairro que ergueram nas estruturas de betão das torres J. Pimenta após estas terem sido abandonadas por motivo de falência. Nelas foram então improvisadas paredes, janelas e chão que chegaram a acolher quase 5 mil pessoas, números não oficiais, que viviam em precárias condições de água, electricidade e esgotos.Assim era o Mocho velho que em 1999-2001 ficou para trás e deu lugar ao Mocho novo, o actual bairro onde vivem perto de 3 mil pessoas, algumas das quais já li nascidas.
De bairro problemático passa a ser uma Galeria de Arte a céu aberto. A criação do festival de arte urbana O Bairro i o Mundo (2014) representou um marco importante na vida do bairro onde , sob o mote “Mostrar o bairro ao mundo e trazer o mundo ao bairro” são organizadas mensalmente, visitas guiadas à Galeria de Arte Pública da Quinta do Mocho, apresentadas por quatro jovens moradores do bairro – Deydey, Kali, Kedy e Giovani.
Alice WR
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